Duas cenas que definem bem o que foi o Bar Léo:
Cena #1
Mesa ao lado, com playboys barulhentos:
- Porra, não vai dar nenhuma saideira!?! Gastamos sei lá
quantos dinheiros, tomamos sei lá quantos chopes!
- Isso não quer dizer que vocês mereçam.
- Se não tiver saideira na faixa, nunca mais voltaremos.
Cri... cri... cri... (silêncio constrangedor do garçom)
Duas horas depois, nossa mesa:
- Amigão, a conta por favor.
Soma no papelzinho ali mesmo, em cima da mesa, dinheiro não
mão, acerto feito.
- Querem uma saideira?
- Opa, claaaaro!
Cena #2
Eu e meu irmão no balcão, observando o preparo dos canapés e
sandubas.
- Carajo, meu, acho que ele está pondo muito sal!
- Desencana, respeita os cabelos brancos do cara, ele faz isso há 50 anos. Deve saber montar tudo de olho fechado, de costas, no escuro e bêbado.
Chega nosso Canapé de linguiça Blumenau.
- Não falei, perfeito!
As duas anedotas acima são para lembrar o que um dia foi o
Léo, o lugar do Chope Perfeito, que ensinou muitos paulistanos, paulistas e brasileiros (alô, cariocas) que chope TEM que ter COLARINHO.
Boteco da comida simples, rústica, mas excelente.
Lá, saideira não se pedia, se conquistava. E a
tradição imperava: os canapés, assim como os sanduíches, eram feitos da mesma
maneira há décadas, irretocáveis.
(Pausa para memória guloafetiva – sanduíche de rosbife =
água na boca e vontade tomar chope em plena segundona).
Léo, grande Léo, que,
como dizia meu pai, obrigava você a escovar dente com chope se quisesse beber
por lá aos sábados – abria 10h, fechava às 15h. E, momento de glória, quem estivesse
lá dentro às três da tarde podia ajudar a secar os barris, que não ficavam para
o dia seguinte.
Tristemente, o Léo acabou. Ou melhor, acabaram com ele.
Que os responsáveis paguem caro por isso, muito mais que os
sete mangos que estavam cobrando por chope pirata.
Bar Léo – Deixa incontáveis órfãos
PS: fica o convite aos meus amigos e companheiros de Léo para conhecermos o Del Mar, ali do lado, para relembrarmos e homenagearmos o falecido. Dá para uns três dias de história.
Vou adotar o véinho dos canapés.... Reunião de chopp aqui em casa sempre, eu digo sempre, tem uma réplica do canapé de linguiça. Faço questão de, assim como o tiozinho, jogar fora todas as rebarbas do pão preto na busca da perfeita reprodução.
ResponderExcluirBro... Boas lembranças dos tempos que a gente escovava os dentes com chope. Lembro bem daquele dia do "carajo..." e dos outros também. O chope era phoda de bom... Realmente uma pena. Quem sabe algum súdito daquele Bar do Léo reabra o mesmo no futuro, assim como um está fazendo com o Bologna... Bjs.
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